Consultoria de Imagem:
a moda é ser real

Cada vez mais impactado pelas demandas sociais de representatividade, o mercado de Consultoria de Imagem e Estilo vive hoje um dos seus momentos mais criativos 

Fluidez de gênero, positividade corporal e diferentes etnias: após o terceiro desfile da Savage x Fenty, grife capitaneada pela superstar Rihanna, a internet amanheceu falando sobre paradigmas sobre beleza real e diversidade, pautas quentes da sociedade contemporânea, que abrem espaço para a autoexpressão enquanto empurram o famoso padrãozinho para o canto da cena.  

É importante dizer que, ainda que a moda e a publicidade venham incorporando esses novos signos aos poucos em suas campanhas, é na vida real que temos os melhores exemplos de transformação de imagem e exaltação da diversidade. Afinal, de fórmulas e filtros prontos, os nossos feeds já estão saturados. 

Essa discussão cresce ainda mais por aqui quando o meio corporativo se mobiliza para instigar a candidatura de jovens negros em programas de trainee de companhias de renome, como o Magazine Luiza e Bayer, que apostam em equipes plurais, com etnias, gêneros e histórias diferentes como um catalisador para a inovação nos negócios.  

À medida que ações afirmativas como essa se consolidam no mercado, tais valores são incorporados no trabalho do Consultor de Imagem e Estilo, que realiza atendimentos personalizados com o intuito de enriquecer o repertório de cada cliente ao alinhar sua apresentação pessoal aos seus valores e objetivos. 

Para se ter uma ideia, o trabalho do Consultor de Imagem abrange sessões de coaching, etiqueta, colorimetria pessoal, visagismo, branding e personal styling, além de, claro, estudos aprofundados em tendências e cultura de moda, assim como linguagem têxtil. “A profissão é relativamente nova no Brasil e, por aqui, ficou conhecida com as figuras dos personal stylists, mas, como lidamos com pessoas reais, precisamos ir a fundo na construção do estilo individual em cada atendimento, desenvolvendo um olhar holístico sobre cada cliente”, avalia Jô Souza, uma das pioneiras no exercício da profissão no Brasil, à frente da Galeria do Conhecimento

Tendo em vista esse cenário disruptivo que se apresenta aos profissionais de imagem no mercado contemporâneo, entrevistamos as consultoras Anna Barros e Aliana Aires,  professoras parceiras em cursos da GC, que nos contam como sua busca por autoconhecimento se tornou também uma profissão:

                                             

 

 
 
 
 
 
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Oriunda do mercado corporativo, por onde atuou como executiva por uma década, Anna Barros nasceu em Niteroi (RJ) e é radicada em São Paulo. Pós-graduada em Consultoria de Imagem e Estilo, possui formações em Personal Branding e Fashion Image pelo Instituto Marangoni e em Consultoria de Imagem pelo Italian Image Institute, com MBA em Gestão Empresarial. Atualmente, cursa especialização em História e Cultura Afro-brasileira e se aventura apaixonadamente no universo da arte como atriz. Além dos atendimentos personalizados, ministra aulas regularmente na Faculdade Belas Artes e na Galeria do Conhecimento, em que leciona os cursos de Branding Pessoal.

                     

 

 
 
 
 
 
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Já Aliana Aires é Doutora em Comunicação e Práticas de Consumo pela ESPM-SP, com especialização em moda plus size na PARSONS – The New School, em Nova York, onde fez Doutorado Sanduíche(2017-2018), tendo atuado como professora e pesquisadora visitante. É organizadora dos eventos Forum +Fashion e Everybodies. Atualmente atua como docente no ensino superior, além de ministrar cursos livres na Galeria do Conhecimento, como o Coolhunting: Fashion & Lifestyle e Consultoria De Imagem Plus Size: Corpo, Mercado e Consumo.

Como vc define sua relação com a própria imagem e qual foi o ponto de virada que transformou essa relação numa profissão?

Anna Barros: Hoje tenho uma relação de aceitação e autoestima positiva com minha imagem, mas nem sempre foi assim. Uma menina negra tem sua autoestima abalada desde cedo, impactada pelos padrões eurocêntricos de beleza impostos pela sociedade. 

Apesar de eu sempre me sentir atraída por moda, imagem e suas possibilidades de comunicação, trilhei uma trajetória no mundo corporativo, conquistando cargos gerenciais. Há alguns anos, conheci a Consultoria de Imagem e me apaixonei pela possibilidade de ajudar as pessoas a se sentirem felizes na sua própria pele, sendo quem elas são: capazes de conquistarem seus objetivos, sonhos, ao (re)descobrir sua beleza pessoal. 

Decidi me especializar na área,  concluindo em 2015 a pós-graduação na Faculdade Belas Artes coordenada pela incrível Jô Souza, um marco na minha transição de carreira. 

Aliana Aires: Hoje eu acredito que tenho uma relação muito positiva com minha imagem, algo que eu conquistei ao me conhecer melhor e estudar meu estilo. Passei muitos anos lutando contra o peso e acreditando que precisava mudar meu corpo para melhorar minha imagem. 

Aprendi que ninguém precisa se encaixar em um padrão corporal para ser bonita e ter estilo. Muito pelo contrário, é preciso ter personalidade para se vestir bem, pois só uma pessoa bem resolvida e que se ama pode externar essa positividade por meio de sua imagem. 

Ao estudar as origens do estigma em relação ao corpo gordo ao longo do meu Doutorado, aprendi tanta coisa que me liberou enquanto mulher que decidi que precisava passar isso adiante pras pessoas pararem de se sentir culpadas pelo corpo que tem e descobrirem sua beleza e potencial criativo.

Estilo é algo amplo e único de cada pessoa, como não deixar o próprio gosto interferir na consultoria?

Anna Barros: Quando colocamos o foco em entender a cliente, quem ela é, seus valores, gostos e estilo de vida, nos aproximando da sua essência e nos abrimos com sensibilidade e empatia para entender suas dores e seus sonhos, Não há espaço pra confundir nosso estilo pessoal com o que melhor a representa e vai ajudá-la a se sentir plena nos diversos papéis que exerce na vida, sem seguir padrões ou receitas prontas do que pode ou não pode.

Aliana Aires: É preciso adotar uma postura de distanciamento da sua realidade e imersão no mundo do cliente, evitando juízos de valor e imposição do seu gosto pessoal. A sua função enquanto Consultor de Imagem é melhorar a autoestima e imagem de seu cliente, respeitando sua individualidade e gostos pessoais.

Construir público é algo difícil, qual foi sua estratégia para fidelizar e atrair clientes no início da profissão?

Anna Barros: Eu comecei atendendo meu círculo de amigos que faziam parte do universo corporativo que por vários anos transitei. Inicialmente, esse era um dos meus diferenciais, a trajetória de sucesso no mundo corporativo, o que ajudou a criar uma relação de credibilidade e confiança, que começou a se reverter em indicações. 

Também investi no meu próprio site, criando conteúdo relevante para consultoria de imagem, o que faz com que até hoje venham novas clientes através desse canal. 

E o mais importante: muito estudo, leitura, arte e cultura, afinal propor mudanças na imagem de um indivíduo é um trabalho que envolve muita responsabilidade, criatividade, respeito, empatia e sensibilidade. Além da especialização em Consultoria de Imagem e Estilo, que me deu uma formação sólida, fiz cursos com profissionais e instituições renomadas no Brasil e no exterior.

Aliana Aires: Acredito muito nas indicações pessoais. Quando você faz um trabalho bem feito, você entrega satisfação e o cliente vai te indicar sempre. Com o tempo, você constrói sua rede. Ter publicado um livro sobre Moda Plus Size, o “De gorda a Plus size: a moda do tamanho grande” também me deu muita visibilidade no mercado, me levando a estabelecer conexões profissionais  em locais distantes. Mas com certeza o fato de eu ter feito mestrado e doutorado e buscado muito conhecimento me legitima diante do público, por isso acredito e reafirmo a importância de estudar e se profissionalizar.

Como o mercado de Consultoria de Imagem tem se preparado para atender a diversidade? 

Anna Barros: Acredito que o mercado ainda está em grande parte pautado em regras e padrões de beleza que trazem em si preconceitos arraigados em relação a cor de pele, corpos, gênero e orientação sexual. 

Assim como o mercado de moda e beleza, que tem revisto paradigmas de preconceito e inclusão, a Consultoria de Imagem tem um longo caminho a trilhar, o que reflete a realidade preconceituosa da nossa própria sociedade. 

No que diz respeito a imagem, por exemplo, observe as campanhas de moda, os desfiles, look books das marcas, ou em filmes , novelas e comerciais de TV: a representatividade de pessoas negras nesses espaços ainda é muito baixa quando levamos em conta que mais da metade nossa população se declara negra ou parda. 

Aliana Aires: Na última década, com o florescer e intensificação da diversidade corporal, seja na mídia, na moda ou na sociedade, o mercado de Consultoria de Imagem precisou acompanhar esse movimento. 

Hoje vejo aumentar o interesse dos Consultores de Imagem em se especializarem em alguns nichos, como Consultoria Plus Size, terceira idade, deficientes físicos etc. No entanto, ainda há muito o que fazer para que formemos profissionais realmente capacitados para atuar com as particularidades desses públicos. É preciso estudar mais, realizar pesquisa constante, dialogar com os clientes e cursos com profissionais capacitados, como o curso de Consultoria De Imagem Plus Size: Corpo, Mercado e Consumo que estou oferecendo pela Galeria.

 

 

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