Consultoria de Imagem e Visagismo, novos desafios
para o mercado
*Por Jô Souza
“Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?” Quem nunca ouviu esta frase da madrasta, incomodada com a beleza de Branca de Neve?
Ligando o mundo dos contos de fada ao planeta do senso comum, o dito popular de que a primeira impressão é a que fica decreta que a pessoa é julgada instantaneamente pelas escolhas que faz a respeito de seu próprio visual.
Afinal de contas, a beleza é mesmo importante? Como diria o poeta Vinicius de Moraes: “Que me desculpem as feias, mas beleza é fundamental”.
Mais importante do que seguir padrões estéticos, porém, é estar segura de si na própria pele, apostando no autoconhecimento como ferramenta primordial de conexão com o mundo. Daí a importância do visagismo, conjunto de técnicas de harmonização das características físicas enquanto vetores da personalidade, no mercado da beleza e da Consultoria de Imagem e Estilo.
No texto de Umberto Eco “A linguagem do rosto”. (In: Sobre os espelhos e outros ensaios – 1989), constatamos que a fisiognomia, ou leitura dos traços do rosto, é uma ciência muito antiga, aliás, mais antiga do que ciência. Isso porque trata-se da investigação em que a fisionomia e a estrutura corporal das pessoas em busca de suas características psicológicas, incluindo aí questões de temperamento, caráter e inteligência.
Esse embrião do visagismo surgiu por volta de 500 a. C. com a leitura facial de Pítagoras, estudando a relação entre aparência e comportamento. A primeira obra conhecida sobre o tema foi escrita por Aristóteles. Ele dedica seis capítulos da sua obra História Animalium ao assunto, descrevendo o significado de todas as partes do corpo humano. Entre os estudiosos que se debruçaram sobre ela, estão Leonardo da Vinci, René Descartes, Charles Le Brun e Cesare Lombroso.
Nem todos os estudiosos que se debruçaram sobre o tema possuíam a mesma motivação. Alguns pretendiam descobrir “a localização exata da alma”, outros buscavam meios de detectar possíveis criminosos. Seus métodos também eram distintos: o desenho, a fotografia e a dissecação, por exemplo.
Le Brun desenvolveu toda uma argumentação a respeito de como as emoções e as paixões se manifestavam no corpo e, principalmente na face, pois segundo ele, esta é a parte do corpo que melhor revela tais paixões, por meio dos movimentos dos olhos, da boca e, sobretudo, das sobrancelhas.
A fisiognomia estuda o rosto e suas expressões, traços, rugas, sinais. Segundo essa teoria, o rosto pode ser dividido em três áreas: superior, que corresponde à testa, média, das sobrancelhas até o nariz; e inferior, que se inicia no nariz e vai até o queixo.
A área de cima demonstra o intelecto e as faculdades mentais; a do meio os sentimentos e a emoção e a inferior a materialidade e o instintivo. Assim, na análise do rosto observa-se e interpreta-se tamanho e formato dos olhos, as sobrancelhas e a maneira de olhar, além da boca, orelhas, testa e queixo – uma espécie de cartografia do rosto.
Até se inclui a definição do temperamento do cliente, como nos estudos do Dr. Norbert Glas, que evidencia a validade da teoria grega e os quatro elementos da natureza: terra, água, ar e fogo em relação com os quatro temperamentos: melancólico, fleumático, sanguíneo e colérico, em conexão com o corpo e comportamento humano.
Apropriando-se desse conhecimento, é tarefa do Consultor de Imagem potencializar a beleza do indivíduo, valorizando o que cada um tem de melhor, a começar pela aceitação do próprio corpo, para o qual cria-se soluções visuais de estilo que valorizem suas formas e alinhem o discurso verbal com a sua aparência.
Qual é a melhor roupa para meu tipo de corpo? Qual é paleta de cores que se harmoniza com meu tom de pele? Aqui, não estamos nos referindo ao “look do dia” presente nos blogs de moda, que são meras extensões das araras e vitrinas das lojas – meros corpos midiáticos que vendem o que vestem. Um Consultor de Imagem tem diante de si um amplo leque de atuação profissional. Desde o aconselhamento para pessoa física até uma consultoria coorporativa, já que o funcionário é parte da imagem das empresas.
Daí a importância da qualificação profissional para atingir os objetivos com maior eficiência, diferenciando se de um mero comprador de roupas ou manual de dicas prescritivas, na linha do “compre isto ou aquilo”.
*Idealizadora da Galeria do Conhecimento, Jô Souza é artista, doutoranda e mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Coordenadora dos bacharelados em Comunicação Social e da pós-graduação em moda no Centro Universitário Belas Artes, leciona e coordena também a pós-graduação em Criação em Imagem e Styling do Senac SP.
** Artigo publicado originalmente na Revista Dobras, ano de 2012
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